sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Mulher de Malandro

Apesar do Brasil ser o que é sempre me dá um aperto no coracao enorme ter que deixá-lo, em especial minha capital com aspectos de interior. É o conjunto terra, clima e as pessoas que fazem parte dela.

Com a terrível saudade que ia crescendo com a distancia durante a viagem de volta pra Alemanha, pensei em escrever sobre o fato de amar algo que além de nao me corresponder, ainda maltrata. Como de costume dei uma pesquisada na internet pra ver se outrem ja nao tinha tido a mesma idéia que eu, e com um mixto de alegria e frustracao foi justamente esse o caso, ou seja, achei um post de alguem que usou esse mesmo título pra expressar mais ou menos o que eu queria dizer (aqui) .

Apesar disso nao vou me render pois o título é bastante apropriado.

Eu sou alguem que vive à luz da ciencia e preciso de respostas no mínimo bem argumentadas, mas pra certas coisas ainda nao consegui achar bons argumentos e nao adianta dizer que amor pela pátria é o mesmo que amor de mae, que me desculpe o post homonimo mas pra mim isso nao é um bom argumento.

Como entender o meu amor por:

Uma terra injusta e violenta, de classe política estúpida, ignorante, corrupta e incompetente?

Um país que me dá vergonha e embarasso grande parte do tempo?

Uma terra onde 75% da populacao pode ser considerada analfabeta mas onde 84% declaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o ensino público (Pesquisa do ibope)?

Uma terra onde 96% desconhecem o significado do termo holocausto mas 37% repudiam a idéia de ter um vizinho judeu (Pesquisa do ibope)?

Uma terra onde somente 40% da populacao é atendida pela rede de esgotos mas mesmo assim 83% dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida (Pesquisa do ibope)?

Essa última define bem o que eu sinto. A gente nao recebe nem o mínimo do aparato público, convive com pessoas grossas ignorantes e sem respeito, vive com medo do crime, mas continua se achando satisfeito, continua gostando, continua sentindo falta e querendo voltar. Eu sou assumidamente mulher de malandro, e o meu malandro é o Brasil. Para os homofóbicos de plantao me refiro ao conceito, se tratando de mulher malandra o sentimento já é o inverso e as respostas e argumentos bem embasados.

Ainda busco respostas. O que eu já sei é que apesar disso, quando (se) eu voltar, vou continuar maldizendo o Brasil em qualquer roda de conversa, me revoltando com as mesmas barbaridades e injusticas e etc... mas vou tá morto feliz com a brisa e o barulho do mar, com as pessoas simples, alegres e hospitaleiras, com a música e comida e com o caos nem sempre simpático das ruas e avenidas.

Um comentário:

Laila Razzo disse...

;/// tu foi rápido demais!!
e estamos com um projeto textual aí pendurado hein... faça o texto e me mande por email!!

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