sábado, 6 de outubro de 2007

O olho que ve tudo

A matemática é a arte de modelar o mundo. Entre letras e símbolos muitas vezes indecifráveis, está a natureza descrita, extendida e generalizada, coisas visíveis e invisíveis pertencentes a um mundo quase sempre sob controle. A bola de cristal onde até os erros sao previsíveis e quantificados em intervalos numéricos.

Recentemente estive em Varsovia, Polonia, por conta de um artigo junto com colegas o qual foi aceito na conferencia européia em aprendizagem de máquina (ECML / PKDD 2007) (Fotos aqui). Como é de praxe em conferencias desse porte, sempre há palestrantes convidados que sao autoridades na área. Dentre eles estava o Tom Mitchel da Carnegie Mellon, um dos grandes nomes da aprendizagem de máquina cujo livro texto é largamente adotado em diversas universidades pelo mundo.

A palestra foi de fato interessante, pra quem achava que ler pensamento é coisa de alien, paranormal ou medium vai talvez se decepcionar se eu disser que hoje se resume há um modelo matemático (estatístico propriamente dito) relativamente simples. Assumindo que cada imagem formada na "mente" ativa certas partes específicas do cerébro e assumindo que é possível "fotografar" esses diferente padroes de estimulo pra cada imagem, seria possivel construir um programa que mostra o que se está pensando em determinado momento. Pois é justamente esse o caso, o cerébro ativa diferentes conjuntos de neuronios de acordo com o que se pensa, e sim, existem técnicas que capturam esses estímulos de forma bastante acurada em forma de imagens digitais (Ressonancia Magnética por exemplo). Apesar da pesquisa ta comecando já apresenta resultados promissores.

Pois é, o Tom Mitchel e seu grupo tao brincando de telepata. Eles primeiro capturam os estímulos associados à diferentes categorias semanticas mostradas a diferentes pessoas, e depois generalizam pra padroes desconhecidos através de classificadores (algoritmos que mapeiam uma dada entrada, nesse caso um padrao neuronal representado por uma imagem digital, a uma classe semantica, por exemplo, comida). Nao so isso na verdade, pois capturar suficientes estimulos pra construcao de bons classificadres seria um trabalho imenso e caro. Atraves de estatisticas entre correlacoes de palavras com alguns verbos essenciais relacionados a movimento, alimentacao e etc... ele desenvolveu uma teoria ou um modelo que generaliza os estimulos pra qualquer palavra do ingles no caso.

Eu me peguei pensando como vai ser num futuro próximo. Cameras fotográficas domésticas com ferramentas pra leitura de pensamento. Os espioes vao fazer a festa...Meu amigo e haja meditacao pra livrar os conjuges dos pensamentos adúlteros... Seria interessante nos deixar vulneráveis à possibilidade de exposicao de nossa verdadeira natureza, imperfeicao, egoísmo e hipocrisia endemicos.

Um comentário:

lailarazzo2 disse...

Meu amigo e haja meditacao pra livrar os conjuges dos pensamentos adúlteros...
heuahuehuahuea Olha só o que ele pensa...
Mas realmente, eu não acho que ninguém está e nunca estará pronto pra ver os outros cruamente. Pensamentos são pensamentos... e são livres. Nem tudo o que tu pensa, tu faz, muitas vezes tu só viaja.
Se isso existir no alcance de todos seria um verdadeiro caos!


:*