Ontem um amigo daqui me disse que tinha terminado o namoro e tava triste. Eu tentando conformá-lo e sem muita criatividade e paciencia, usei o maior dos cliches nao obstante apropriado: "Nao se preocupa rapah, logo, logo tu vai encontrar um outro alguém." Aí ele me disse: "Mas ela é amor da minha vida Leandro!" Me peguei refletindo... Dado que ela era o amor da vida dele, e eles se separaram, e considerando a separacao permanente, ele tá fadado a nao encontrar um outro amor da sua vida certo?
"Eu te amo!"
Quantas vezes ja nao se ouviu ou ate ja nao se falou tal frase. Mas a frase é semanticamente falaciosa. Sintam-se livres pra argumentar, mas na minha opiniao a frase seria mais honesta da seguinte forma: "Eu amo a sensacao que vc causa em mim". Nao se ama alguem, se admira no maximo, mas amar, só se ama a si próprio.
O amor atribuido a alguem é na verdade sentimentos despertados por esse alguem e tem vários nomes: Protecao, desejo e prazer, acordancia de ideias, compreensao, integracao, seguranca, massagem no ego, auto-confianca, dependencia, familia, tradicao, etc... basta escolher o que mais se adequa ao seu caso lembrando que eles nao sao mutuamente exclusivos. E pra funcionar há o escambo. Eu crio os sentimentos que tu gosta e tu cria os que eu gosto, perfeito. Quando o escambo comeca a perder o balanco, os problemas comecam.
"Nunca vou encontrar alguem como vc!"
Se tu tá dizendo.... Ache alguem que desperte a sensacao certa e aí basta escolher o cliche: "Nao posso viver sem vc...", "Nao existe ninguem como vc"..."Vc é único(a)" e etc.... Eu diria que há uma grande chance de se estar no minimo exagerando dizendo isso.
Até acho que cada um tem um certo grau de exclusividade, mas o numero de sentimentos é limitado e portanto nao se preocupe muito se vc perdeu o "amor da sua vida", pois se vc realmente precisa de um, e dado que um certo número de sentimentos lhe fazem achar que está (se) "amando" a probabilidade de encontrar alguem que lhe desperte os sentimentos certos sempre vai ser, em geral, bastante alta.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Presos num oito deitado
O "eterno retorno" é uma das idéias mais inspiradas de Nietzche na minha opiniao. É o arcabouco filosófico que suporta a minha idéia de Universo, ou seja, um vai e vem sem fim, finalidade ou propósito (dai vem o porque do nome do meu blog).
Colocando as coisas numa perspectiva probabilística nao é difícil de entender porque faz tanto sentido, apesar de assumir algumas verdades difíceis de provar. Assuma que o Universo percorre um ciclo infinito de expansao e contracao, ou seja, infinitos Big Bangs onde em cada um, um novo Universo é criado, possivelmente "diferente" do anterior (Nietsche, claro ainda nao tinha conhecimento da teoria do Big Bang, mas clarifica a exposicao no nosso caso). Vamos assumir que temos uma quantidade finita de possiveis mundos e que a distribuicao de probabilidades é uniforme entre eles, ou seja, cada mundo tem a mesma probabilidade de acontecer. Isso significa que esse mundo que estamos vivendo agora tem uma probabilidade de acontecer de novo, e sendo o processo infinito, pode ter certeza que ele vai acontecer de novo, e em algum momento de novo, e de novo, eternamente.
A idéia tb pode ser extendida aos ciclos repetitivos da vida onde estamos sempre presos a um número limitado de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente, e se repetirão no futuro, por exemplo guerras, epidemias e etc.
A idéia de estarmos presos num oito deitado, fadados a repetir sempre os mesmos erros nao é lá muito animadora, mas serve pra que vc viva a vida de tal forma que nao se importe em repeti-la eternamente.
Colocando as coisas numa perspectiva probabilística nao é difícil de entender porque faz tanto sentido, apesar de assumir algumas verdades difíceis de provar. Assuma que o Universo percorre um ciclo infinito de expansao e contracao, ou seja, infinitos Big Bangs onde em cada um, um novo Universo é criado, possivelmente "diferente" do anterior (Nietsche, claro ainda nao tinha conhecimento da teoria do Big Bang, mas clarifica a exposicao no nosso caso). Vamos assumir que temos uma quantidade finita de possiveis mundos e que a distribuicao de probabilidades é uniforme entre eles, ou seja, cada mundo tem a mesma probabilidade de acontecer. Isso significa que esse mundo que estamos vivendo agora tem uma probabilidade de acontecer de novo, e sendo o processo infinito, pode ter certeza que ele vai acontecer de novo, e em algum momento de novo, e de novo, eternamente.
A idéia tb pode ser extendida aos ciclos repetitivos da vida onde estamos sempre presos a um número limitado de fatos, fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente, e se repetirão no futuro, por exemplo guerras, epidemias e etc.
A idéia de estarmos presos num oito deitado, fadados a repetir sempre os mesmos erros nao é lá muito animadora, mas serve pra que vc viva a vida de tal forma que nao se importe em repeti-la eternamente.
sábado, 6 de outubro de 2007
O olho que ve tudo
A matemática é a arte de modelar o mundo. Entre letras e símbolos muitas vezes indecifráveis, está a natureza descrita, extendida e generalizada, coisas visíveis e invisíveis pertencentes a um mundo quase sempre sob controle. A bola de cristal onde até os erros sao previsíveis e quantificados em intervalos numéricos.
Recentemente estive em Varsovia, Polonia, por conta de um artigo junto com colegas o qual foi aceito na conferencia européia em aprendizagem de máquina (ECML / PKDD 2007) (Fotos aqui). Como é de praxe em conferencias desse porte, sempre há palestrantes convidados que sao autoridades na área. Dentre eles estava o Tom Mitchel da Carnegie Mellon, um dos grandes nomes da aprendizagem de máquina cujo livro texto é largamente adotado em diversas universidades pelo mundo.
A palestra foi de fato interessante, pra quem achava que ler pensamento é coisa de alien, paranormal ou medium vai talvez se decepcionar se eu disser que hoje se resume há um modelo matemático (estatístico propriamente dito) relativamente simples. Assumindo que cada imagem formada na "mente" ativa certas partes específicas do cerébro e assumindo que é possível "fotografar" esses diferente padroes de estimulo pra cada imagem, seria possivel construir um programa que mostra o que se está pensando em determinado momento. Pois é justamente esse o caso, o cerébro ativa diferentes conjuntos de neuronios de acordo com o que se pensa, e sim, existem técnicas que capturam esses estímulos de forma bastante acurada em forma de imagens digitais (Ressonancia Magnética por exemplo). Apesar da pesquisa ta comecando já apresenta resultados promissores.
Pois é, o Tom Mitchel e seu grupo tao brincando de telepata. Eles primeiro capturam os estímulos associados à diferentes categorias semanticas mostradas a diferentes pessoas, e depois generalizam pra padroes desconhecidos através de classificadores (algoritmos que mapeiam uma dada entrada, nesse caso um padrao neuronal representado por uma imagem digital, a uma classe semantica, por exemplo, comida). Nao so isso na verdade, pois capturar suficientes estimulos pra construcao de bons classificadres seria um trabalho imenso e caro. Atraves de estatisticas entre correlacoes de palavras com alguns verbos essenciais relacionados a movimento, alimentacao e etc... ele desenvolveu uma teoria ou um modelo que generaliza os estimulos pra qualquer palavra do ingles no caso.
Eu me peguei pensando como vai ser num futuro próximo. Cameras fotográficas domésticas com ferramentas pra leitura de pensamento. Os espioes vao fazer a festa...Meu amigo e haja meditacao pra livrar os conjuges dos pensamentos adúlteros... Seria interessante nos deixar vulneráveis à possibilidade de exposicao de nossa verdadeira natureza, imperfeicao, egoísmo e hipocrisia endemicos.
Recentemente estive em Varsovia, Polonia, por conta de um artigo junto com colegas o qual foi aceito na conferencia européia em aprendizagem de máquina (ECML / PKDD 2007) (Fotos aqui). Como é de praxe em conferencias desse porte, sempre há palestrantes convidados que sao autoridades na área. Dentre eles estava o Tom Mitchel da Carnegie Mellon, um dos grandes nomes da aprendizagem de máquina cujo livro texto é largamente adotado em diversas universidades pelo mundo.
A palestra foi de fato interessante, pra quem achava que ler pensamento é coisa de alien, paranormal ou medium vai talvez se decepcionar se eu disser que hoje se resume há um modelo matemático (estatístico propriamente dito) relativamente simples. Assumindo que cada imagem formada na "mente" ativa certas partes específicas do cerébro e assumindo que é possível "fotografar" esses diferente padroes de estimulo pra cada imagem, seria possivel construir um programa que mostra o que se está pensando em determinado momento. Pois é justamente esse o caso, o cerébro ativa diferentes conjuntos de neuronios de acordo com o que se pensa, e sim, existem técnicas que capturam esses estímulos de forma bastante acurada em forma de imagens digitais (Ressonancia Magnética por exemplo). Apesar da pesquisa ta comecando já apresenta resultados promissores.
Pois é, o Tom Mitchel e seu grupo tao brincando de telepata. Eles primeiro capturam os estímulos associados à diferentes categorias semanticas mostradas a diferentes pessoas, e depois generalizam pra padroes desconhecidos através de classificadores (algoritmos que mapeiam uma dada entrada, nesse caso um padrao neuronal representado por uma imagem digital, a uma classe semantica, por exemplo, comida). Nao so isso na verdade, pois capturar suficientes estimulos pra construcao de bons classificadres seria um trabalho imenso e caro. Atraves de estatisticas entre correlacoes de palavras com alguns verbos essenciais relacionados a movimento, alimentacao e etc... ele desenvolveu uma teoria ou um modelo que generaliza os estimulos pra qualquer palavra do ingles no caso.
Eu me peguei pensando como vai ser num futuro próximo. Cameras fotográficas domésticas com ferramentas pra leitura de pensamento. Os espioes vao fazer a festa...Meu amigo e haja meditacao pra livrar os conjuges dos pensamentos adúlteros... Seria interessante nos deixar vulneráveis à possibilidade de exposicao de nossa verdadeira natureza, imperfeicao, egoísmo e hipocrisia endemicos.
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